terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Free writing

Corre. No final vai ter alguma coisa. Final de onde? Final de quê? Confusão. Abandono. Indiferença. Cansada de correr. Resolvi dormir por uma semana. Sem vontade, sem incentivo ou motivo. Com a própria roupa do corpo por 8 meses seguidos. Sem banho, sem pão, sem laços.

Ar pesado, mal cheiroso. Olhos grudados. Respirando natural e artificialmente.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Dois lados, uma espécie.

8h30 am.

Acordo com o telefone tocando. Minha irmã:
-Ahhh! Você não sabeeeee! Estou indo trabalhar e aqui na rua de trás de casa tem um cachorrinho bem pequeno deitado na chuva! Coitado! Que dó, que dó, que dóó!!

Levanto-me. Não escovo os dentes, não ponho calcinha. Ponho a roupa de ontem e corro. Ao virar a esquina ouço um rosnado. Era ele. Minúsculo, embaixo de um carro tentando se proteger do temporal. Tentei me aproximar, mas ele não gostou muito. Voltei pra casa, peguei um petisco e uma toalha. Voltei à batalha. Rosnados de novo. Joguei uns petiscos pra mostrar que eu era do bem. Os vizinhos aproximaram-se tentando ajudar. Trouxeram pão, biscoito de nata para dar pra ele. Consegui tirá-lo de lá depois de uns 25 ou 30 minutos de tentativa.



Trouxe pra casa. Meu labrador sentiu o cheiro e queria comê-lo. Cuidei dele o dia todo. Ração, água, brinquedo, casinha, cobertor. Anúncio na internet para procurar o dono ou um pai adotivo para que não vire sobremesa do Apolo.

Parei e pensei:
Acabo de colocar um ser, desconhecido, sujo e com possíveis doenças dentro da minha casa. Dei comida, água, cobertor... O abriguei. Bela atitude. Mas peraí. Eu faria isso por uma pessoa? Um mendigo, morador de rua, com frio e fome na chuva? Eu o colocaria na minha casa, daria um cobertor e comida? Daria um dia inteiro de atenção pra ele? Não. Com certeza, quase ninguém. Por alguns instantes me senti mal por isso.
Parei e pensei de novo. Por quê? Por que um cachorro sim e uma pessoa não? Claro! Me senti menos pior por uns instantes. Cheguei a uma conclusão. Não sei se correta, mas foi o que eu encontrei.

O mesmo ser que tem esse lado caridoso de acolher, tem o lado malicioso e aproveitador. Temos que admitir que o ser humano tem o grande defeito de sempre querer tirar vantagem para si próprio de tudo! Quem me garante que o morador de rua não ia entrar na minha casa, pegar minhas coisas, roubar, estuprar. Sei lá. Preconceito? Não! Não é por ser mendigo! Não colocaria o mais lindo e rico homem da cidade dentro da minha casa. Nós não confiamos em seres da nossa própria espécie, pois sabemos do que somos capazes!

Apelidei-o de Dumbo, pelo tamanho de suas orelhas. Ele se deita aos meus pés cada vez que vou vê-lo, pedindo carinho. Me acompanha na chuva quando preciso ir limpar a sujeira dele. Está extremamente feliz com uma caixinha de papelão com um cobertor no quintal. Está totalmente GRATO!



Está saudável, bem tratado. Provavelmente foi deixado na rua por alguém. Um ser da mesma espécie que eu, que o tirei da rua. Os dois lados de uma mesma criatura.

P.S.: Procura-se dono ou novo lar! Interessados?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Querida Angústia,

há muito tempo você tem estado presente na minha vida, mas nunca tão próxima quanto nessas últimas semanas. Nunca havia te entendido completamente, aliás, até hoje não te entendo. Não consigo descobrir o que te faz estar sempre tão presente na minha rotina. Escrevo-te e, desde já, peço que não se ofenda com minhas palavras desajeitadas.

Te sinto cada vez mais forte no meu peito. Chega a doer. Não sei se quero continuar convivendo com você por mais tempo. Na verdade, não sei se consigo mais te suportar. Se tornou difícil para as pessoas ao meu redor também. Sua presença abala meu humor.

Estás sempre aqui dentro, espremendo meu coração, amarrando meu estômago, chutando minha cabeça. Não te suporto mais! Sei que vai se ofender, mas peço que, por favor, suma da minha vida! Vá para longe! Se não voltar nunca mais, não fará diferença. Não faço questão da sua presença.

A propósito, saia de dentro da minha mãe também. Com ela você pegou pesado.

Adeus

domingo, 8 de janeiro de 2012

Guerra pessoal

Choro que não cessa. Lágrimas e lágrimas até que a cabeça esteja tão pesada, que mal posso abrir completamente os olhos. Vejo tudo aos opostos. Agora ELA que está pensando em mim. E não mais ELE, que passou a pensar só em si próprio. Tomando atitudes precipitadas e impensadas, como aquelas em que ele sempre me julgou. A diferença é que eu sempre pensei nele, em primeiro lugar, ao tomar essas atitudes e não me parece que esteja fazendo o mesmo. Segui todos os seus conselhos por VINTE ANOS e, no momento que lhe dei o ÚNICO conselho da vida, ele ignorou: "Vai com calma! Espera! Deixa as coisas acontecerem devagar." E simplesmente saiu. Foi encontrar com uma tal de Felicidade e me deixou aqui sozinha procurando a minha.

Começaram uma guerra, fugiram todos e me deixaram no meio, tentando desviar das bombas. Vou deixar uma explodir em cima de mim, assim que acabarem as forças para correr. E acho que não vai demorar muito pra isso acontecer.

E apesar de tudo isso, continuo confirmando o que já havia dito, com toda a sinceridade do mundo. Só quero que eles sejam felizes!