segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Barulho noturno

Estava ali, tentando dormir pra esquecer a conversa que acabara de ter. Não conseguia. Maia tinha problemas de insônia. Fechava os olhos, tentando levar o pensamento pra longe. Ela acreditava que quando o pensamento ficava fora do alcance, era possível dormir. Porém, sempre acabava se distraindo com alguma  besteira em seu quarto. O pensamento nunca estava longe de mais para permitir que Maia adormecesse.
Ouvia latidos dos cachorros do vizinho. Se distraia com o barulho que a geladeira fazia na cozinha, com a luz do carregador do celular acessa, com o andar dos ponteiros barulhentos do relógio. Eram sempre as mesmas distrações. Porém, naquela noite, ouviu um barulho estranho. Um barulho que nunca havia ouvido antes. Teve medo. O barulho parecia com algo se arrastando no chão de sua cozinha. Evitava abrir os olhos, com medo. O som não cessava. Se aproximava cada vez mais do seu quarto. Apertava os olhos já fechado, para não conseguir ver nem uma fresta. O som ficava mais alto. Sentia que havia algo próximo dela. Tremia. Suava frio. Seria um ladrão? Um espírito do mal? O som parou, quando parecia que estava bem ao lado dela na cama. Num impulso impensado, abriu os olhos.

-PÁÁÁÁÁÁ

-AAHHHHHHHHHHHHHHHHH!! Lully! Sua sem graça! Isso é brincadeira que se faça? Volte já para a geladeira sua abóbora fujona.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Brad x Marvin - Luvas de box, dores e confusões



Cardiologistas e neurocirurgiões deveriam trabalhar juntos. Pelo menos ao me ter como paciente. Meu cérebro (que vamos chamar carinhosamente de Brad) e meu coração (apelidado de Marvin) vivem discutindo. Talvez esses dois profissionais da saúde, juntos, conseguissem fazê-los entrar em um acordo.

Brad, tão sério. Sempre com cara de bravo. Durão. Racional.
Marvin, tão idiota. Totalmente sugestionável e carente.

Ambos aqui, dentro de mim, numa pancadaria permanente. Brad,obviamente, me leva para as decisões racionais. Pensadas e analisadas. Adoro ele. Sempre concordo com ele. Brad é genial e muito parecido comigo (por que será, não é?). Procuro sempre seguir suas opiniões. 
E é quando estou na metade do caminho que Marvin, o imbecil, aparece. Mostra para Brad todas as fotos do passado, faz com que ele se lembre de momentos, situações e pessoas que ele não quer lembrar. E é aí que começa a bagunça.

Dores no peito e na cabeça, se devem aos socos e pontapés que Marvin e Brad trocam dentro de mim. 

Nos dias que Marvin domina, fico carente, chorona, depressiva e mau humorada.
Nos dias em que Brad está vencendo a briga, me sinto segura, forte, decidida.

E ficam nessa PATIFARIA, me deixando confusa e cansada.
Hoje Marvin domina. Me fez procurar por fotos, lembrar de momentos com certas pessoas, dias que passamos juntos, conversas, carícias. E foi ele que me mandou escrever esse texto.

Pode ser que amanhã Brad esteja mais recuperado e me mostre outra forma de ver o mundo. Pode ser que não.